…a poesia, é esta febre ardendo em demasia!

6 de agosto de 2011

(Charles Baudelaire)

A Morte dos Pobres


(Charles Baudelaire)
Tradução de Márcia Sanchez Luz

É a morte que consola e que nos faz viver!
É o motivo da vida, é a única esperança.
Elixir que nos inebria, nos encanta
e nos dá forças para ver o anoitecer. 

Através da tormenta, da neve, do frio,
é a clareza vibrante no horizonte escuro.
É o albergue famoso inscrito no livro,
em que vamos comer, dormir e estar seguros.

É um Anjo que tem em seus dedos magnéticos
o dom do sono, o dom dos sonhos extasiados,
e refaz a cama dos pobres desnudados.

É o resplendor dos Deuses, é o celeiro místico,
é o recinto dos pobres e seu berço antigo,
pórtico aberto sobre os céus desconhecidos!


2 comentários:

  1. Querida Márcia,
    voltava pra casa pensando na morte e com raiva de Deus ( ou daquele que erigi?), pensando no sofrimento dos que estão doentes e prestes a deixar o mundo, de seus parentes envolvidos em preocupações, insônia e desassossego. Cheguei, vi tua tradução impecável de Baudelaire, lembrei de meu querido R. Gambini que diz que a vida é bela porque é finita. Mas nada, nada me consola. Porém agradeço ao imponderável que criou essa sincronicidade com você e esse poema.

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  2. Márcia tem, na composição própria ou na tradução, a busca da excelência como base. Diríamos, até sem exageros, que a versão supera o original, dando-lhe um toque de sensibilidade superior afirmativa.
    Baudelaire sentia-se à vontade para tecer loas ao apagar das luzes... Márcia, pontual, sempre transforma as palavras num hino à vida.

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