(Des) União
© Márcia Sanchez Luz
Como é que eu posso amar-te assim, meu bem,
se quando estou contigo não te quero
e quando tu te ausentas eu te espero
e sonho que no amor não há desdém?
Chegas faminto, imploras, me diz – “Vem,
preciso de teu corpo” – em desespero.
Sei bem que é grande a fome e que és sincero,
mas isto é pouco. Quero amor também!
Sei que é difícil constatar o fato
de que a distância nos faz mais amantes
do que é possível quando estamos juntos.
Não sei como lidar com o que constato!
Se estamos próximos, mas tão distantes,
por que continuamos, me pergunto.
Remendos
© Márcia Sanchez Luz
Muitos são pequenos excertos
de grandes paixões
de poemas que falam
o que minha boca cala.
Muitos são pequenos remendos
de poucos retalhos
que consegui obter
a duras penas.
Poucos são grandes acertos
que me dispus a contar
nas noites de insônia
nos dias chuvosos
nublados
turvos
frios.
TRANSFORMAÇÃO
© Márcia Sanchez Luz
Vejo em teus passos
pedaços de um todo
de um tudo jogado
em cantos, quebrado.
Sinto em teus olhos
o medo do incerto
do tempo que passa
da luz que se afasta.
Repassas tua vida
com ferro em brasa
ateias fogo, jogas água
não te bastas.
Procura então
em meio aos pedaços
unir-te inteiro.
Teus primeiros passos
vão te machucar
vais gritar de dor
vais querer parar.
Porém continua!
O medo vai cessar
vais achar teu rumo
encontrar saída
pra essa escuridão.
Não ateies fogo
onde o ar é leve
onde a tarde deve
te dar solução.
Caio, parabéns pela escolha dos poemas da Marcinha. Todos são muito bem elaborados e profundos, o que vem reafirmar que ela é, no estágio atual da Poesia Brasileira, um verdadeiro ícone. Continue.
ResponderExcluirAbraços