…a poesia, é esta febre ardendo em demasia!

3 de dezembro de 2011

Do negro sou baliza que reata dessemelhantes na feição, na tez.

“Eu tenho um sonho...”

© Márcia Sanchez Luz

Sou vida, sou maduro e acrobata
num mundo onde a inocência não tem vez 
e que perante a intriga, mesmo inata,
procura destruir a insensatez.

Do negro sou baliza que reata
dessemelhantes na feição, na tez.
Da lida autoritária autodidata,
sou eu voraz vilão de mês a mês.

Sou fonte de ideários, sou atleta
na luta contra a discriminação
que faz de nossas peles tamborim.

Racismo é fato vil, é coisa abjeta:
semeia temporais no coração.
Sou Martin, eu sou Luther, eu sou King!


Do livro “Porões Duendes” – Editora Protexto, 2009



AQUI ONDE MORO

© Márcia Sanchez Luz

Aqui onde moro
Quero-queros logo gritam
Se alguém se aproxima.
A coruja à tarde observa
pra de noite começar.
Tartarugas no verão
Primavera por quê não?
Correm lépidas pra chuva
Atrás de água pra beber
Cantinho pra namorar.
Beija-flores nas grevilhas
Russélias brancas, vermelhas
Aguardam carinhos e beijos
Enquanto ixoras sorriem
Esperando sua vez.
Jasmins de todas as cores
Com suas formas variadas
Exalando olores diversos
Perfumam o ar, dançam ao vento
Trazem paz, doces alentos.
Gerivás e garirobas
Reais e imperiais
Arecas e washingtônias
Palmeiras aqui não faltam
Pra brindar as helicônias.
Aqui onde moro me integro
Entrego-me às plantas e aos bichos
Mensageiros do vento tilintam
Alertam pra chuva que vem
E pra que vai embora também.
Os bichos que aqui trafegam
Não precisam de controle
Seja em terra ou no ar
Não se agridem como os homens
Vivem em total sintonia.


Do livro: "No verde dos teus olhos" -  Editora Protexto, PR, 2007

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