…a poesia, é esta febre ardendo em demasia!

28 de junho de 2012

os sonhos nossos de nunca adiar as tardes calmas, cheias de ternura....


Para lembrar o que não houve


© Márcia Sanchez Luz


Em dois minutos de magia pura
cantamos juntos versos ao luar.
Você jurava que o dia a chegar
seria para nós a partitura

do amor infindo (laço que perdura)
da noite eterna feita pra abrigar
os sonhos nossos de nunca adiar
as tardes calmas, cheias de ternura.

Por que não se tornaram realidade
os nossos sentimentos e desejos
cantados em total cumplicidade?

Os dois minutos de felicidade
deram lugar a pálidos tracejos
do que seria vida e hoje é saudade.

[Do livro Quero-te ao som do silêncio!]

4 de junho de 2012


Aqui onde moro...


© Márcia Sanchez Luz


Aqui onde moro
quero-queros logo gritam
se alguém se aproxima.
A coruja à tarde observa
pra de noite começar.

Tartarugas no verão
primavera por que não?
Correm lépidas pra chuva
atrás de água pra beber
cantinho pra namorar.

Beija-flores nas grevilhas
russélias brancas, vermelhas
aguardam carinhos e beijos
enquanto ixoras sorriem
esperando sua vez.

Jasmins de todas as cores
com suas formas variadas
exalando olores diversos
perfumam o ar, dançam ao vento
trazem paz, doces alentos.

Jerivás e guarirobas
reais e imperiais
arecas e washingtônias
palmeiras aqui não faltam
pra brindar as helicônias.

Aqui onde moro me integro
entrego-me às plantas e aos bichos.
Mensageiros do vento tilintam
alertam pra chuva que vem
e pra que vai embora também.

Os bichos que aqui trafegam
não precisam de controle
seja em terra ou no ar...
Não se agridem como os homens
vivem em total sintonia.



*Do Livro "No Verde dos Teus Olhos" - Editora Protexto, PR - 2007

29 de abril de 2012


Canção noturna



© Márcia Sanchez Luz





Não quero mais que digas ter amor
por mim, quando bem sei que só me queres
para enfeitar teu corpo com prazeres
que ao fim me causam sofrimento e dor.

Não quero estar contigo e meu frescor
te dar inteiro. Eu sinto que me feres
porque desejas mais de mil mulheres
por garantia, para o teu louvor.

Esquece o que vivemos, eu te peço!
Foi tudo uma ilusão desenfreada
que agora finda e a paz é o meu ingresso

à vida que me espera mais ousada.
Isto é o que pagas pelo desapreço,
por me fazer chorar de madrugada.

25 de março de 2012

Segredos de beija-flor


© Márcia Sanchez Luz





Um beija-flor pousou em meus cabelos

e me contou segredos de outras terras.

Falou dos mares, rios e das serras,

dos seres mágicos, frugais modelos



do que é ser puro, do que é ter desvelo

pelo universo, pela biosfera.

Em nosso orbe a vida já se ulcera

e dele conhecemos o novelo,



o trágico final que se apresenta

e delineia a era que virá.

A natureza avisa mas se isenta



se não olharmos todos seus sinais!

Um beija-flor pousou em meus cabelos

e me cobriu de beijos musicais...

18 de março de 2012

Por vezes este amor me varre os dias...

Acalanto


© Márcia Sanchez Luz



Eu amo como quem deita no chão
e fica olhando estrelas no relento.
A calma chega em forma de acalento
e assim me entrego inteira a uma ilusão

de que aguardar-te não vai ser em vão.
Bem sei que tu me queres e, sedento,
nem vais me perguntar se espero o vento
trazer-me a paz em forma de canção.

Por vezes este amor me varre os dias
como uma tempestade em pleno estio
a me afogar em medos e fobias.

Por outras ele acorda meus instintos,
me faz valente, sem temer o frio
das noites invernais de afetos findos.

11 de dezembro de 2011

Poucos são grandes acertos que me dispus a contar nas noites de insônia

(Des) União

© Márcia Sanchez Luz


Como é que eu posso amar-te assim, meu bem,
se quando estou contigo não te quero
e quando tu te ausentas eu te espero
e sonho que no amor não há desdém?

Chegas faminto, imploras, me diz – “Vem,
preciso de teu corpo” – em desespero.
Sei bem que é grande a fome e que és sincero,
mas isto é pouco. Quero amor também!

Sei que é difícil constatar o fato
de que a distância nos faz mais amantes
do que é possível quando estamos juntos.

Não sei como lidar com o que constato!
Se estamos próximos, mas tão distantes,
por que continuamos, me pergunto.


Remendos


© Márcia Sanchez Luz

Muitos são pequenos excertos
de grandes paixões
de poemas que falam
o que minha boca cala.
Muitos são pequenos remendos
de poucos retalhos
que consegui obter
a duras penas.
Poucos são grandes acertos
que me dispus a contar
nas noites de insônia
nos dias chuvosos
nublados
turvos
frios.

TRANSFORMAÇÃO


© Márcia Sanchez Luz

Vejo em teus passos
pedaços de um todo
de um tudo jogado
em cantos, quebrado.
Sinto em teus olhos
o medo do incerto
do tempo que passa
da luz que se afasta.
Repassas tua vida
com ferro em brasa
ateias fogo, jogas água
não te bastas.
Procura então
em meio aos pedaços
unir-te inteiro.
Teus primeiros passos
vão te machucar
vais gritar de dor
vais querer parar.
Porém continua!
O medo vai cessar
vais achar teu rumo
encontrar saída
pra essa escuridão.
Não ateies fogo
onde o ar é leve
onde a tarde deve
te dar solução.